Temos visto currículos de pessoas, agora em disponibilidade no mercado, que desenvolveram suas respectivas carreiras profissionais orientando-se por referências ou paradigmas que até pouco tempo atrás eram considerados adequados e, de alguma forma, representavam a garantia da obtenção do sucesso pessoal e profissional.

São pessoas que estudaram em boas escolas e faculdades, iniciaram suas carreiras em grandes e, até então, sólidas organizações, participaram de dezenas de cursos, seminários, palestras e congressos, invariavelmente patrocinados pelos empregadores, algumas vezes até contra sua própria vontade, e galgaram posições de algum destaque na estrutura hierárquica das empresas.

O que até então parecia ser um procedimento correto, hoje se transformou em um pesadelo para essas pessoas – e está tirando o sono de muitas outras que ainda estão conseguindo se manter em seus postos de trabalho. Eles estão enfrentando sérias dificuldades para encontrar uma nova recolocação profissional, principalmente na forma do emprego tradicional, no mercado de trabalho atual.

Eles enfrentam duas dificuldades básicas: a primeira, que afeta a todos nós indistintamente, é a conjuntural, ou seja, uma grande oferta de pessoas disponíveis versus uma demanda reduzida, em especial a relacionada com o emprego tradicional. Inclusive com o desaparecimento ou as transformações drásticas em setores inteiros por razões que fogem ao nosso controle de ação.

Mas a segunda dificuldade que enfrentam – e que muitos profissionais que permanecem em seus postos de trabalho correm o risco de se depararem com ela no futuro – foi provocada por eles mesmos.  Muitos, por falta de opção mesmo; outros, por não estarem convencidos de que deveriam mudar e alguns, por mera acomodação, deixaram de cuidar adequadamente de suas carreiras e de suas capacitações profissionais, em sintonia com a dinâmica, exigências e contexto do mercado de trabalho atual, delegando toda a responsabilidade por essa tarefa para a empresa e para o acaso.

Tornaram-se especialistas em uma determinada área, em um determinado setor e em uma determinada cultura organizacional. Resultado: flagrante e séria limitação profissional, pois as empresas, cada vez mais, estão buscando, necessitando e valorizando profissionais polivalentes, com experiência em ramos diferenciados e com vivência em diferentes culturas organizacionais.

Nosso entendimento é de que a maioria dessas pessoas é mais vítima do que culpada. Afinal de contas, uma carreira se inicia na tenra idade e se consolida depois de anos – se é que se consolida algum dia. E quando se escolhia um caminho havia sinalizadores confirmando que a direção estava correta.

Era preciso uma leitura muito atenta do cenário, que em nosso país, infelizmente, não é um privilégio de todos, para perceber o quanto estes sinalizadores estavam defasados ou desfocados em relação à atualidade – e daí mudar de direção.

Não corra o mesmo risco e não incorra no mesmo equívoco. Não descuide de sua capacitação profissional. Você ainda pode ter muito tempo para reverter a situação. Sua carreira é seu patrimônio e não patrimônio da empresa. Você é o único responsável pela sua carreira.  Não delegue essa responsabilidade para ninguém e muito menos para sua empresa. Mexa-se!

Viabilize o seu autodesenvolvimento. Pesquise. Aprofunde seus conhecimentos naquilo que você faz. Mantenha-se constantemente atualizado, participando de eventos ou de situações que lhe agreguem novos conhecimentos.

Pense na possibilidade de diversificação de conhecimentos e amplie sua polivalência dentro de sua área de interesse e vocação. Disponibilize seu tempo e seus conhecimentos para atuar como instrutor interno em sua empresa, ou para atuar como professor ou consultor em trabalhos free. A atividade ensinar ou repartir conhecimento e experiência nos leva, inexoravelmente, a um aprimoramento. Saber para fazer é uma coisa. Saber para ensinar é completamente outra. É preciso um aprimorado exercício de pesquisa, de reflexão, análise, de preparação e de planejamento.

Continuar freqüentando boas escolas e faculdades, como aluno, ainda é, cada vez mais, um grande referencial – muito embora não seja, por si só, garantia de sucesso profissional. Não se iluda ao concluir o seu MBA achando que já chegou ao ápice de sua qualificação e formação. É preciso mais, muito mais, para navegar com relativa tranqüilidade nesse ambiente globalizado e altamente competitivo ou para não ficar perambulando por tempo demasiadamente longo e desgastante para você no mercado de trabalho.  Matricule-se e seja um bom e assíduo aluno da melhor faculdade existente no mercado – uma boa livraria, física e/ou online.

Não se concebe mais profissionais, em especial os que ocupam ou pretendem ocupar posições mais bem remuneradas, que não dominam o uso da tecnologia, em nível de usuário, habitualmente utilizada em sua área de competência e atuação, que dirá então não terem eles o básico conhecimento dos aplicativos mais comuns utilizados rotineiramente nas empresas, como editores de texto, planilhas de cálculos, internet, intranet, etc. Profissionais de funções mais simples, como porteiros, por exemplo, já estão sendo reprovados em muitas empresas por falta desses conhecimentos básicos.

Ter domínio do “inglês” além de What’s your name? My name is João e I love you ou do “inglês” de turista será um pré-requisito, como é hoje ter nível universitário, para profissionais que desejam ocupar alguma posição técnica especializada ou qualificada. Atualmente, essa qualificação ainda é só desejável ou recomendada. Em breve será um pré-requisito para participar dos processos seletivos.

Até mesmo em funções muito simples, como telemarketing, por exemplo, têm surgido boas oportunidades de trabalho para pessoas que têm fluência na língua inglesa. Elas estão sendo contratadas para prestarem serviços para empresas estabelecidas no exterior, em sua própria casa ou em outros locais próximos a ela.

A vantagem competitiva, portanto, em algumas situações até mesmo para profissionais de funções simples, estará em quem dominar mais de uma língua, além da nativa, naturalmente, em especial para aqueles que puderam ter uma vivência internacional consistente, tipo intercâmbio cultural (high school), estágios remunerados, trabalhos em projetos especiais ou realização de cursos de aperfeiçoamento, de idiomas ou técnicos.

Mudar de empresa ou atividade, que antes era um sintoma de instabilidade profissional, hoje agrega valor ao seu currículo. Naturalmente estamos falando de mudanças provocadas com o intuito da busca de novos desafios, absorção de novos conhecimentos, novas experiências e aumento de sua polivalência. Ficar trocando “seis por meia dúzia” ou ser “mudado” involuntariamente com muita freqüência continua sendo um mau negócio para seu currículo.

O mercado de trabalho, cada vez mais, continuará sendo cruel com os profissionais do tipo “mais ou menos” naquilo que fazem ou que exercem a profissão por obrigação, sem qualquer prazer. Embora não sejam os únicos, freqüentemente serão os primeiros a ir para a lista dos “dispensáveis” e ocupar posições marginais ou periféricas no mercado de trabalho, pois as empresas, em situações de necessidade de redução de pessoal, continuarão procurando preservar seus talentos ou pessoas mais polivalentes, em detrimento das demais.

Leia também:

Autor: Paulo Pereira

Sócio-proprietário da Eventos RH e Especialista em Recursos Humanos
Fundador do Canal no Youtube Trabalho e Renda
Autor de 2 livros sobre o mercado de trabalho pela Editora Nobel

 

[EBOOK GRÁTIS] 3 PASSOS ESSENCIAIS PARA A CONQUISTA DO NOVO EMPREGO

Depois de conduzir centenas de processos seletivos como especialistas em RH, elencamos para você 3 estratégias que fazem a diferença na busca por uma nova oportunidade profissional.

Para onde enviamos seu ebook? 🙂