Você faz aquilo de que realmente gosta? Está na profissão por livre escolha ou porque seus pais a idealizaram para você? Escolheu a profissão porque viu alguém bem-sucedido financeiramente atuando nela? Ou escolheu sua profissão porque leu matérias em jornais ou viu reportagens na TV que são profissões altamente remuneradas e muito procuradas no mercado?

Não vamos aqui dissertar sobre a história e a evolução do trabalho em nosso meio e nem filosofar sobre a sua necessidade e importância para a realização do ser humano. Nem mesmo se seria, de fato, necessário e obrigatório trabalhar, para podermos sobreviver com dignidade, a exemplo de como é hoje. Ou você trabalha ou você não sobrevive: é o lema na sociedade dita civilizada e moderna a que estamos vinculados.

Vamos nos ater a esta última frase. Temos de trabalhar e fim de conversa. Mas não vamos fazer desta afirmação um castigo, um martírio ou algo muito desagradável, como é para muitos. Dizem até que o trabalho, no início do mundo, na época em que viviam Adão e Eva – para os que acreditam no princípio bíblico, foi imposto como um castigo.

Segundo essa versão, Adão e Eva foram expulsos do paraíso, ou seja, da vida boa que levavam, porque desobedeceram a Deus e comeram da fruta proibida – que as crianças conhecem por maçã, e que Deus, ao consumar a expulsão, teria dito a eles que, doravante, por terem cometido pecado, teriam de obter o próprio sustento e sobrevivência com o “suor” do próprio rosto, do próprio sacrifício, numa alusão ao trabalho como um martírio, um castigo ou fardo pesado para se carregar.

Castigo ou não, martírio ou não, um fardo pesado ou não, não importa. Temos de trabalhar.

Então, vamos simplificar tudo isso e ser bastante diretos. Pelo menos estou trabalhando no que gosto? Isso mesmo! Faça essa pergunta a si próprio e responda-a com toda a sua assertividade.

Lembre-se de que 1/3 de sua existência ativa é destinado ao seu ganha-pão. E olhe que não é 1/3 qualquer da sua existência. Estamos falando de toda uma fase de maior produtividade, consciência e energia de que você dispõe ao longo de sua existência.

Fazer disso um martírio, um sacrifício ou fardo amargo e pesado para carregar não nos parece ser uma postura inteligente e saudável que você deve adotar para conseguir o seu próprio sustento e garantir a sua sobrevivência de forma digna, mais parecendo um “karma” ou um processo de auto-imolação.

O trabalho tem que proporcionar-lhe prazer, bem estar, satisfação pessoal, orgulho, realização e muitas outras recompensas e gratificações. Para você! Não para seus pais – que o “incentivaram” a escolher a profissão na qual você hoje atua e da qual sobrevive.

Atuando ou fazendo exatamente o que gosta de fazer, além do prazer intrínseco que você encontrará em seu dia-a-dia, esteja certo de que em uma eventual necessidade de colocação ou recolocação profissional suas chances ficam evidentes na disputa pela vaga disponível.

Se você é um profissional que faz o que gosta, em todas as etapas de um processo de recolocação profissional, sua motivação, determinação, objetividade e segurança serão outras. Quem faz aquilo de que gosta convence mais. Um bom entrevistador geralmente está preparado para estabelecer as diferenças de comportamento e de posicionamento de um ou outro candidato, pode ter certeza. Esse aspecto, uma vez bem resolvido, poderá se transformar em uma excelente arma e vantagem para você – ou uma desvantagem, se mal resolvido.

Além do mais, quem realmente faz o que gosta, transpira essa sensação para todos na empresa, pois sempre busca realizar suas tarefas com perfeição, dedicação, seriedade e qualidade desejadas e esperadas por parte de seus superiores. Os próprios colegas de profissão reconhecem o talento nato em você, o admiram e copiam em muitas situações. Até torcem por você e por seu sucesso.

É gratificante termos amigos bem felizes e bem-sucedidos na vida com o que fazem, principalmente quando isto ocorre em razão de seus próprios méritos. Amigos que galgam posições na vida e encontram o sucesso sem nunca precisarem pisar em seus semelhantes. Suas luzes brilham, sem que tenham de apagar as luzes vizinhas. Além da gratificação intrínseca em si, se um dia precisar deles, certamente poderão estar em uma situação mais confortável que a sua e prestar-lhe eventual ajuda.

Em momentos de decisão de uma lista de corte, pode ter certeza de que esse aspecto naturalmente será levado em consideração por parte de quem tem a prerrogativa da tomada de decisão de incluí-lo ou não na lista, salvo processos pouco profissionais, nos quais o que importa é a preservação dos apadrinhados, mesmo que menos qualificados que você e até mesmo medíocres ou que não gostam do que fazem.

Todas as profissões têm o seu lado do prazer, que é bem maior, é claro, principalmente para quem faz aquilo de que gosta, mas também impõem sacrifícios, dificuldades, aborrecimentos de toda a ordem.

Nem sempre a profissão que lhe dá mais prazer é aquela do mercado que está pagando a melhor remuneração e oferecendo as melhores condições de trabalho. Nem por isso você deve necessariamente desistir dela. Se o dinheiro falasse mais alto, que prazer teriam as pessoas que passam a vida se dedicando a trabalhos voluntários pelo mundo afora, em condições de risco, sujeitos a doenças e a tantas outras dificuldades? Reflita sobre isso.

Lembre-se, uma profissão é para ser exercida por dezenas de anos. Se concluir que fez a escolha errada, não titubeie em mudar de rumo. Você ainda poderá ter muito tempo pela frente para ser um profissional feliz e realizado. Basta querer e agir, com coragem, determinação, responsabilidade e bom senso. Como diria meu amigo, Cleo Carneiro: hoje ainda é só o primeiro dia do restante de minha vida.

Para minimizar erros de escolha, se possível, busque ajuda profissional de aconselhamento. Em qualquer situação, feita a escolha, antes de iniciar os estudos, estabeleça francos, próximos e contínuos contatos com profissionais que já atuam nela, preferencialmente no próprio ambiente de trabalho deles, para ver, sentir, conhecer e analisar como eles estão vendo a profissão do ponto de vista das perspectivas futuras.

Converse sobre seus planos, seus desejos, seus sonhos. Mostre seu perfil. Pergunte das dificuldades e os aborrecimentos que a profissão impõe para eles. Claro, pergunte também quanto ao aspecto que dá mais prazer. Discuta com eles suas possibilidades na profissão, em vista de seu perfil, potencial e objetivos de vida.

Só um conselho: fique atento se o profissional entrevistado realmente gosta do que está fazendo, principalmente se começar a desqualificar a profissão escolhida por você. Também não desqualifique nenhuma informação, mesmo as vindas de profissionais frustrados e infelizes com a escolha da profissão, pois também podem ser muito úteis para você e ajuda-las na escolha do melhor caminho a seguir.

Autor: Paulo Pereira

Sócio-proprietário da Eventos RH e Especialista em Recursos Humanos
Fundador do Canal no Youtube Trabalho e Renda
Autor de 2 livros sobre o mercado de trabalho pela Editora Nobel

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